domingo, 19 de abril de 2009

Agenda da Semana: Reação no Sistema Financeiro

Caros colegas

Sexta semana seguida de alta. Desde que comecei a acompanhar o mercado financeiro (cerca de dois anos), não me recordo de assistir a uma sequência tão longa de valorizações semanais. No entanto, parece que o movimento inicia uma desaceleração, uma vez que o saldo do período no Ibovespa foi de apenas 0,52%, bem abaixo das valorizações anteriores. Quanto aos principais acontecimentos, destaque para a divulgação dos resultados bastante positivos - diria que um tanto quanto surpreendentes - de alguns dos bancos americanos. Vamos aos principais fatos dos últimos dias.

E aproveitando o gancho, a segunda-feira começou com bons sinais do sistema financeiro dos EUA. Primeiramente, os resultados trimestrais do Goldman Sachs superaram quaisquer perspectivas dos analistas. Isso porque o lucro registrado foi de US$ 1,81 bilhão, 13,1% sobre o mesmo período do ano passado. A única ressalva foi o anúncio de que a instituição deverá lançar ações para captação de recursos com a finalidade de pagar parte do empréstimo de US$ 10 bilhões realizado pelo governo dos EUA. Além disso, rumores de que o Well Fargo obteve um lucro de US$ 3 bilhões também proporcionaram otimismo ao mercado.

Ainda no noticiário corporativo, cresceram os boatos de que a GM deverá entrar com pedido de recuperação judicial, o maior que um conglomerado industrial já tenha visto. Como colocado no post abaixo, existe a possibilidade de que seja fundada uma “nova GM”, a qual abrangeria apenas os ativos lucrativos da holding (Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC). Já as marcas com os piores resultados (Saturn, Hummer, Saab e Pontiac), cuja extinção aparece como alternativa para a redução de custos tão exigida pelo governo norte-americano, seriam vendidas, deixando de fazer parte do grupo.

Em âmbito nacional, a divulgação do Relatório Focus corroborou as perspectivas de contração da atividade econômica. Como destaques, projeções de queda do PIB em 0,3% no ano e redução da atividade industrial em 3,56%.

A terça-feira foi marcada por quedas nos principais mercados internacionais. O Dow Jones registrou recuo de 1,71%, ao passo que o resultado diário do Ibovespa foi de 1,25%. As razões estiveram relacionadas aos péssimos indicadores da agenda americana, bem como aos efeitos do anúncio de oferta de ações pelo Goldman Sachs feita no dia anterior.

No que diz respeito aos indicadores, o Retais Sales, que mensura a atividade varejista nos EUA, recuou 1,1% no mês de março, bastante abaixo das projeções de alta em 0,3%. Releva-se que o Retail Sales ex-Auto, que exclui o item Automóveis, apresentou redução de 0,9%, indicando que a queda nas vendas mensais de veículos foi mais intensa que nos demais setores.

Quanto ao PPI, índice de inflação ao atacado norte-americano, foi registrada forte e surpreendente deflação de 1,2%. O core PPI, que exclui alguns itens de preços mais voláteis, como energia e alimentos, apresentou variação nula, indicando que as quedas nos preços desses elementos representaram o principal fator de queda do índice.

O dia ainda foi marcado por declarações do presidente do Fed, Ben Bernanke, e do presidente Barack Obama. Bernanke, mais otimista, salientou as reduções nos níveis de contração da atividade econômica. Obama também destacou os bons resultados apresentados no ano, ressaltou a importância dos planos econômicos e ponderou afirmando que ainda haverá mais perdas de empregos e execuções de hipotecas.

A quarta-feira foi de alguma reação em função do Livro Bege, que compila os principais dados da economia norte-americana em doze regiões do país. De modo geral, admitiu-se que a retração econômica vem ocorrendo em menor intensidade, sendo que algumas regiões já apresentam sinais mais claros de reação. Dentre os setores, destaque para o imobiliário, que inicia um processo de estabilização e aumento de demanda. Pelo lado negativo, as tão salientadas retrações no mercado de trabalho e as quedas generalizadas de preços foram os principais destaques.

Quanto ao setor financeiro, o suíço UBS reportou prejuízo de US$ 1,75 bilhão e anunciou a demissão de 7500 funcionários, notícia que não foi muito bem recebida pelo mercado.

Em relação ao restante da agenda americana, a produção industrial do país apresentou recuo de 1,5% em março, mesmo patamar do mês de fevereiro. Quanto à capacidade utilizada, houve recuo para os 69,3%, abaixo do revisado do período anterior (70,3%).

Quanto ao CPI, índice de preços ao consumidor, leve deflação de 0,1%, mas abaixo das expectativas de inflação em 0,1%. O core CPI, que a exemplo do core PPI exclui itens mais voláteis, registrou avanço de 0,2%, acima das expectativas de 0,1%.

O dia seguinte, quinta-feira, registrou novos resultados do setor financeiro. Dessa vez foi o americano JP Morgan que surpreendeu o mercado, com lucro líquido de US$ 2,1 bilhões. No mesmo sentido, o governo dos EUA afirmou que disponibilizará US$ 9,9 bilhões a algumas instituições financeiras do país com a finalidade de flexibilizar as condições de hipotecas.

Quanto à agenda do dia, o Initial Claims, que mede o número de pedidos de auxílio desemprego nos EUA, surpreendeu positivamente, registrando um total de 610 mil novos pedidos na semana, abaixo das expectativas em 658 mil e da mensuração anterior, revisada para 663 mil novos pedidos.

Prosseguindo, o Philadelphia Fed Index, que indica a evolução da atividade econômica da região, recuou 24,4 pontos. Apesar da contração, o dado foi bem visto pelo mercado, uma vez que representou uma redução na intensidade do movimento de queda.

Por fim, pendendo para o lado negativo, o número de casas em início de construção nos EUA, bem como as autorizações para construção de novas casas apresentaram reduções no mês de março. O primeiro, esperado em torno das 540 mil, ficou em apenas 510 mil - no mês de fevereiro as casas em início de construção totalizavam 572 mil. Já o segundo estabeleceu-se no patamar das 513 mil permissões, abaixo do somatório de fevereiro (564 mil) e do esperado pelos analistas (549 mil).

No cenário nacional, a inflação medida pelo IGP-10 foi negativa em 0,71%, puxada principalmente pelo IPA, que ficou em -1,23% no período.

Ainda no Brasil, a Pesquisa do Comércio indicou bons resultados para o varejo nacional no mês de fevereiro. Com elevação mensal de 1,5%, o volume de vendas registrou alta de 3,8% na comparação com o mesmo período de 2008.

Encerrando a semana, a sexta-feira contou com mais resultados de bancos. Destaque para o Citibank, que, em linha com as palavras de seu CEO, Vikram Pandit, reportou lucro líquido de US$ 1,6 bilhão. Além disso, o também americano BB&T registrou resultado trimestral de US$ 318 milhões.

No tocante aos indicadores do dia, também houve boas surpresas. Isso porque a prévia do Michigan Sentiment, que mensura a confiança do consumidor norte-americano, apontou 61,9 pontos, acima dos 58,5 pontos esperados e dos 57,3 pontos do mês de março.

Por fim, no Brasil, houve o anúncio do governo de que haverá redução no IPI cobrado dos eletrodomésticos da linha branca. O objetivo é a redução dos preços ao consumidor final e a garantia de empregos no setor.

Para a próxima semana, os principais indicadores a serem divulgados no Brasil estarão relacionados à evolução da inflação e às tradicionais notas do governo (Mercado Aberto e Política Monetária). No cenário internacional, destaque para a minuta da última reunião do Banco da Inglaterra, o Durable Good Orders., Existing e New Home Sales.

SEGUNDA-FEIRA - 20/04

08:30: Relatório Focus: relatório divulgado pelo Banco Central que compila as perspectivas de consultorias e instituições financeiras quanto a inúmeros indicadores da economia nacional.

11:00: Balança Comercial (semanal): diferença entre o volume de exportações e importações no Brasil.

11:00: Leading Indicators (Março/09): compilação de inúmeros indicadores da economia norte-americana já divulgados, como o número de pedidos de auxílio-desemprego, número de permissões para construção e custo de mão-de-obra.

Vencimento de opções: ocorre o vencimento de opções sobre ações negociadas na Bovespa. O volume negociado nessas datas geralmente supera as médias de volume dos pregões sem a ocorrência desse evento.

TERÇA-FEIRA - 21/04

Feriado de Tiradentes: Feriado nacional e sem divulgação de dados relevantes nos EUA.

QUARTA-FEIRA - 22/04

08:00: Índice Geral de Preços Mercado - IGP-M (segundo decêndio de abril/09): com a mesma composição do IGP-DI (média ponderada do IPA, IPC e INCC), é importante indicador de inflação do mercado, o que é potencializado pela sua indexação nos reajustes dos contratos de aluguéis e correção das tarifas de energia elétrica.

10:00: Nota do Setor Externo (Março/09): informações apresentadas pelo Banco Central referentes ao Balanço de Pagamentos e reservas internacionais.


11:30: Estoques de Petróleo Norte-Americano (semanal): reflete o consumo de petróleo em território norte-americano.

Minuta Reunião BoE: Minuta da última reunião do Banco Central da Inglaterra.

QUINTA-FEIRA - 23/04

08:00: Índice de Preços ao Consumidor Semanal - IPC-S (quadrissemanal): mede a variação de preços de uma cesta de itens para famílias com renda mensal de 1 (R$ 415,00) a 33 salários mínimos (R$ 13.695,00) em sete grandes capitais nacionais (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Brasília). Considera o período de trinta dias encerrado na semana anterior à sua divulgação.

09:30: Initial Claims (semanal): número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA.

10:00: Nota de Mercado Aberto (Março/09): relatório sobre operações de mercado aberto realizadas pelo Banco Central do Brasil.

10:00: Nota de Política Monetária (Março/09): relatório divulgado pelo Banco Central que apresenta dados relativos aos agregados monetários da economia.

11:00: Existing Home Sales (Março/09): mensuração do número de casas usadas vendidas nos EUA.

SEXTA-FEIRA - 24/04

07:00: Índice de Preços ao Consumidor - IPC (Fevereiro/09): índice que indica a inflação para o consumidor da cidade de São Paulo que possui renda de 1 (R$ 415,00) a 20 salários mínimos (R$ 8.300,00).

08:00: Sondagem do Consumidor (Abril/09): pesquisa realizada com uma amostra de 200 famílias nas sete principais capitais do país. Apresenta algumas expectativas relacionadas a consumo, mercado de trabalho, dentre outros.

09:00: Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 - IPCA-15 (Abril/09): mede a inflação para famílias com rendimentos mensais de 1 (R$ 415,00) a 40 salários-mínimos (R$ 16.600,00) no período compreendido entre o dia 15 do mês de referência e o dia 15 do mês anterior.

09:30: Pesquisa Mensal de Emprego (Março/09): documento que apresenta alguns indicadores referentes ao mercado de trabalho nacional no mês de referência.

09:30: Durable Good Orders (Março/09): indica o número de pedidos e entregas de bens duráveis nos EUA durante o mês de referência.

11:00: New Home Sales (Março/09): indica o número de casas novas vendidas nos EUA.


Felipe Seitz Bento

Fontes: InfoMoney e G1

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