sábado, 11 de abril de 2009

Agenda da Semana: Não para, não para, vai pra cima...

Caros colegas,

Não sou corinthiano - muito pelo contrário, Palmeirense dos bons - mas estava resistindo já há umas duas semanas para inserir este título (bastante cretino, admito) em nossa tradicional agenda da semana. E realmente a bolsa não para, vai pra cima e deixa todos mais e mais esperançosos com os resultados apresentados até então. Assim como suscita algumas dúvidas sobre a consistência do movimento que já dura cinco semanas. Desta vez, a alta semanal foi de 2,59%.

Em função de declarações de analistas a respeito das dúvidas existentes sobre o setor financeiro dos EUA e sua economia - dessa vez os autores foram o analista do Calyon Securities, Mark Mayo, e o investidor-mega-star húngaro, George Soros - a bolsa abriu a semana em queda. Ambos afirmaram que as medidas do governo ainda não surtiram os efeitos desejados e que as instituições financeiras mantêm-se insolventes. Tais depoimentos foram considerados os principais responsáveis pela queda de 0,52% no Dow Jones.

No Brasil, a bolsa também fechou no negativo. Todavia, poderia ter sido pior caso a S&P 500 não ratificasse os bons ratings das dívidas soberanas de curto e longo prazo, em moeda local e estrangeira do Brasil. Foram indicadas como justificativas para tanto as políticas e medidas econômicas adotadas pelo governo Lula perante a crise, bem como a popularidade do presidente e sua importância para o enfrentamento do caos internacional. Pelo lado negativo, relevou-se o alto endividamento do país, as altas taxas de juros e a previsão de retração próxima a 1% do PIB em 2009.

No tocante à agenda do dia, menção especial ao Relatório Focus e sua tendência de previsões cada vez menores para a atividade econômica nacional. Desta vez, foi indicada uma redução de 0,19% no PIB nacional, bem como um recuo de 3,06% na produção industrial até o final de 2009.

Voltando para o cenário internacional, a Ford demonstrou novamente que não está disposta a fechar as portas tão cedo. Encerrando seu plano de reestruturação, obteve uma redução de US$ 9,9 bilhões em dívidas, o que permitirá economias de até US$ 500 milhões ao ano em juros.

O dia seguinte, terça-feira, também foi de quedas pelas bolsas internacionais. Um dos causadores novamente foi George Soros que, em entrevista à Bloomberg, afirmou que o rali de alta das últimas semanas não representa o fim do “bear market” (mercado em baixa), uma vez que a economia ainda não apresentou sinais claros de recuperação. O investidor complementou com uma avaliação positiva da administração de Barack Obama e com uma aposta de que Brasil e China serão os líderes da recuperação econômica global.

Também pendeu para o lado negativo a possibilidade cada vez maior de a GM recorrer à concordata. A montadora vem apresentando grandes dificuldades para saldar suas obrigações financeiras de US$ 62 bilhões, valor equivalente a 44 vezes o seu valor de mercado. Os problemas também se relacionam às negociações com sindicatos e credores, detentores de títulos corporativos da empresa.

Na agenda do dia, destaque (novamente negativo) para o Consumer Credit. Divulgado pelo Fed, o indicador registrou um recuo de US$ 7,4 bilhões no montante de crédito concedido nos EUA, retração muito superior ao US$ 1,5 bilhão esperado pelos analistas.

Dando prosseguimento às notícias ruins, cabe destacar os resultados do PIB da zona do Euro. A atividade econômica da região apresentou contração de 1,6% no quarto trimestre de 2008 frente ao período anterior e de 1,5% frente ao mesmo trimestre de 2007. Cabe ressaltar a forte queda de 6,7% nas exportações no período analisado.

Por aqui, o principal elemento da agenda foi a divulgação do IGP-DI de março. Com forte deflação nos preços ao atacado e inflação representativa nos preços ao consumidor - maiores explicações no post abaixo -, o saldo do indicador foi uma deflação de 0,84% em março, maior queda desde 1995.

Reagindo às péssimas notícias do dia anterior, a quarta-feira foi de recuperação nos mercados internacionais. Dow Jones apresentou valorização de 0,61%, S&P 500 subiu 1,18% e o Ibovespa mostrou alta de 0,82%.

Alguns foram os fatores que justificaram os resultados do dia. Nos EUA, especulou-se quanto à possibilidade de o Fed oferecer empréstimos com prazos maiores para financiamento do Talf (Linha de Crédito para Títulos Lastreados em Ativos a Prazo). Tal programa, criado como reação à crise, consiste em empréstimos do Fed a investidores interessados em adquirir títulos lastreados em ativos comerciais, como dívidas de cartão de crédito, financiamentos de veículos, dentre outros.

Possíveis alterações em outro programa de combate à crise também surtiram efeitos positivos. Isso porque o TARP, plano voltado para aquisições de ativos tóxicos de instituições financeiras, poderá ser expandindo para seguradoras que sejam holdings bancárias ou possuam participações em bancos.

Do meio corporativo também foram apresentadas algumas boas notícias. A principal relacionou-se à constituição da maior construtora dos EUA, resultado da compra da Centex Corporation pela Pulte Homes. Também contribuiu a declaração do presidente da Chrysler, Jim Press, de que o prazo concedido pelo governo norte-americano é suficiente para que a parceria com a italiana Fiat seja firmada.

No tocante à agenda do dia, a ata do Fed veio para limitar os ganhos. A última reunião do Banco Central dos EUA teve como foco as preocupações com a atividade econômica do país e, principalmente, com as taxas de desemprego, que deverão continuar crescendo. Foi ratificada a previsão de recuperação da crise para o ano de 2010, quando as medidas planejadas deverão começar a surtir os efeitos esperados.

No cenário doméstico, o destaque ficou com os índices de inflação. Quanto ao IPCA e INPC, ambos apresentaram alta de 0,20%, abaixo dos valores registrados em fevereiro deste ano. Quanto ao IPCA, índice de inflação oficial, a elevação acumulada dos últimos 12 meses foi de 5,90%. Quanto ao IGP-M, outro índice divulgado na quarta-feira, deflação de 0,53%, mais intensa que a queda do mês anterior, de 0,45%. A exemplo do IGP-DI - ambos possuem a mesma composição, sendo mensurados apenas em períodos diferentes - a maior deflação veio do atacado, que registrou -0,94%.

Dando continuidade às valorizações de quarta-feira, o dia seguinte também foi de ganhos nas principais bolsas. As principais justificativas vieram do sistema financeiro norte-americano. Primeiramente, o banco Wells Fargo declarou que seus resultados deverão superar as previsões iniciais. Além disso, e ainda mais relevante, foi a notícia de que, após oito semanas de trabalho, os especialistas do governo dos EUA aprovaram todas as instituições financeiras do país nos chamados “testes de estresse”. Tais testes tinham como objetivo verificar a reação dos bancos americanos a situações econômicas ainda mais adversas que as atuais.

Como reflexo das melhores perspectivas com o setor financeiro e, consequentemente, com a economia internacional, houve valorização generalizada das commodities, o que contribuiu para nova alta do Ibovespa. O índice da bolsa de São Paulo subiu 3,07% na quinta-feira.

Quanto à agenda do dia, de positivo apenas o resultado da Balança Comercial norte-americana. Superando as previsões de déficit de US$ 36 bilhões, o déficit da balança comercial dos EUA recuou para US$ 26 bilhões, o que surpreendeu positivamente. Ainda em território americano, o Initial Claims também demonstrou alguma melhora - bastante tímida, é verdade -, registrando um total de 654 mil pedidos de auxílio desemprego, abaixo dos 660 mil previstos e dos 674 mil da semana anterior.

Também no cenário internacional, o Banco da Inglaterra manteve sua taxa básica em 0,5% ao ano, menor patamar desde a fundação da instituição, em 1694. As razões estiveram relacionadas a preocupações com o mercado de trabalho do país, à atividade econômica nos setores de serviços e indústria, bem como com as recorrentes quedas na confiança do consumidor. Só isso...

Já no Brasil, o emprego na indústria recuou 4,2% em fevereiro, terceira queda consecutiva. E demonstrando que a redução na atividade industrial é generalizada, 13 das 14 regiões pesquisadas apresentaram queda no índice.

Já na sexta-feira, pregões fechados em função do feriado da sexta-feira santa. No entanto, conforme post abaixo, foram apresentados os dados do orçamento do governo norte-americano no mês de março e do primeiro trimestre fechado. E os resultados, como já era de se esperar, vieram bastante deficitários, com valor trimestral três vezes inferior ao mesmo período do ano passado. Ironias a parte, ao menos alguns dos efeitos dos planos econômicos já conseguem ser vistos.

A próxima semana trará alguns indicadores relevantes nos EUA, com destaque para o PPI, Retail Sales, Produção Industrial e Livro Bege. Por aqui, nada de muito relevante fora a Pesquisa do Comércio.

Abaixo, com informações do portal InfoMoney, apresentamos a agenda da semana:

SEGUNDA-FEIRA - 12/04

08:30: Relatório Focus: relatório divulgado pelo Banco Central que compila as perspectivas de consultorias e instituições financeiras quanto a inúmeros indicadores da economia nacional.

11:00: Balança Comercial (semanal): diferença entre o volume de exportações e importações no Brasil.

TERÇA-FEIRA - 13/04

09:30: Producer Price Index - PPI (Março/09): índice de inflação norte-americano que apresenta o comportamento dos preços praticados por produtores durante o mês de referência. Geralmente é o primeiro setor no qual as pressões inflacionárias começam a ser observadas.


09:30: Retail Sales e Retail Sales ex-auto (Março/09): indicadores que apresentam o total de vendas no mercado varejista norte-americano, sendo que o primeiro desconsidera o setor de serviços e o segundo as vendas de automóveis. Sua importância para a economia norte-americana reside na sua relação com o nível de consumo das famílias dos EUA, maior parcela do PIB do país.

11:00: Business Inventories (Fevereiro/09): níveis de vendas e estoques no mês de referência nos setores industriais, de varejo e atacado dos EUA.

QUARTA-FEIRA - 14/04

Contratos de Ibovespa Futuro: data de vencimento dos contratos de Ibovespa futuro negociados na BM&F Bovespa.

09:30: Consumer Price Index - CPI (Março/09): indicador de inflação ao consumidor norte-americano.

10:15: Industrial Production e Capacity Utilization (Março/09): importantes indicadores da economia norte-americana, mensuram a produção industrial no país e o nível de utilização da capacidade das indústrias.

11:30: Estoques de Petróleo Norte-Americano (semanal): reflete o consumo de petróleo em território norte-americano.

15:00: Livro Bege do FED: compilação de dados referentes à economia dos EUA.

QUINTA-FEIRA - 15/04

08:00: Índice Geral de Preços 10 - IGP-10 (Abril/09): média ponderada do Índice de Preços ao Atacado (IPA, 60%), Índice de Preços ao Consumidor (IPC, 30%) e Índice Nacional da Construção Civil (INCC, 10%), apresentando, assim, o comportamento dos preços nos setores finais e intermediários da economia. O IGP-10 possui como período de referência o intervalo compreendido entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês atual.

08:00: Índice de Preços ao Consumidor Semanal - IPC-S (semanal): mede a variação de preços de uma cesta de itens para famílias com renda mensal de 1 (R$ 415,00) a 33 salários mínimos (R$ 13.695,00) em sete grandes capitais nacionais (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Brasília). Considera o período de trinta dias encerrado na semana anterior à sua divulgação.

09:30: Pesquisa do Comércio (Fevereiro/09): conjunto de indicadores que apresenta a evolução do comércio em cada região do Brasil.

09:30: Initial Claims (semanal): número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA.

09:30: Housing Starts e Building Permits (Março/09): indicadores que mensuram, respectivamente, o número de casas que começaram a ser construídas e o número de permissões para construções de residências nos EUA.

11:00: Philadelphia Fed Index (Abril/09): apresenta a mensuração da atividade industrial no estado.

SEXTA-FEIRA - 16/04

07:00: Índice de Preços ao Consumidor - IPC (2° quadrissemana Abril/09): índice que indica a inflação para o consumidor de São Paulo que possui renda de 1 (R$ 415,00) a 20 salários mínimos (R$ 8.300,00).

10:55: Michigan Sentiment (Prévia - Abril/09): mensuração do nível de confiança dos consumidores norte-americanos em relação à economia dos EUA.

Felipe Seitz Bento

Fontes: InfoMoney e Portal de Notícias G1.

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